terça-feira, 17 de setembro de 2013

Será? #Especial1

Como é a estreia da rubrica, vamos começar em grande! Hoje temos um especial com a blogger Ana Ferreira do Illusionary Pleasure, que agora está no Youtube! Sempre a inovar!
A Ana fez-me a amabilidade de escrever um excelente artigo para eu partilhar com os meus leitores!


Ler: Papel vs Dígital

Será que os e-books vão conseguir substituir os livros no futuro?

Deixo-vos com o artigo da Ana Ferreira! Agradeço-lhe desde já pela participação na rubrica! E, aproveito para lhe dar os parabéns pelo seu trabalho!


OS E-BOOKS:
a maravilhosa peste que veio para ficar

Artigo de: Ana Ferreira // illusionarypleasure@gmail.com

Como qualquer discussão que se preze existem sempre três lados: os prós, os contra e aqueles que tanto se lhes faz. Este artigo de opinião será baseado em factos populares, passando pelas opiniões populares ou factos retirados de artigos internacionais, tudo no cérebro condensado de uma blogger ruiva que faz e-books e usa e-books há três anos (portanto, um artigo de opinião factual isento). Comecemos com as linhas mais gerais sobre os e-books, abordando os prós e contras dos e-books, para depois reflectir sobre o futuro dos mesmos.

O que são e-books?
- Os que são pro-ebooks vão responder:
·         E-books são livros electrónicos em diversos formatos para diferentes e-readers!
- Os que são contra e-books vão responder:
·         E-books são livros electrónicos em diversos formatos para diferentes e-readers!

Quais as vantagens do e-books?
- Pró-ebooks:                     
·         Os e-books têm imensas vantagens, por exemplo uma edição de um livro português, a editora poupa na distribuição, no papel e nunca haverá problema com o livro sair da FNAC, porque estará sempre online. Por conseguinte, os preços baixarão e mais pessoas poderão ter acesso a livros baratos e o e-reader será um investimento. Já não teremos de investir 20€ num livro, podemos comprar por 2-5€ e não esperamos pelo CTT/temos de nos deslocar à livraria.
·         Os autores podem fazer o seu livro em casa com ajuda informática. Cada vez será mais fácil publicar um livro e ter sucesso mesmo sendo rejeitado por uma editora tradicional.
- Contra e-books:
·         E-books têm vantagens, mas nada se equipara a um livro, a sentir o cheiro dele e a passar de folha em folha.
·         Muitos e-books são de qualidade dúbia.
Quais as desvantagens do e-books?
- Pró-ebooks:
·                Não se pode fazer show-off de livros e mostrar o quão cultos somos;

- Contra e-books:
·         Os e-books são maus para o ambiente (embora isto ainda não esteja provado) e o sentimento de que se está a ler um livro perde-se.

Do geral para o particular:
Das duas uma: ou o Paperback desaparece ou os Hardbacks. A verdade é que não haverá espaço para tanta edição daqui a uns 30-50 anos? O livro físico não irá desaparecer nos próximos tempos, nem os e-books vão acabar. A tecnologia só evolui e neste momento parar a indústria e-reader/e-book seria uma catástrofe. Talvez os e-books são um incentivo que muita gente precise para ficar curioso e começar a ler mais; se os preços são mais atractivos, as pessoas adquirem mais livros e o negócio aumenta. Mas e a pirataria, diriam vocês? Bem, muitos autores não estão muito preocupados com isso; se forem grandes autores não é X e-books pirateados que lhes vão tirar o sono, e se os livros forem bons, os leitores investem no e-book mesmo ou na versão para ter na estante. Talvez porque o ser humano é um bicho vaidoso, os livros em papel não terão uma morte assim tão anunciada, será um processo lento, extremamente lento, tal como a ascensão dos e-books poderá estagnar quando o factor novidade passar, mas isso faz tudo parte da evolução. Aos poucos as pessoas vão-se convertendo.

Experiência com e-books como blogger:
Receber e-books tem sido uma experiência fantástica, mais com o pessoal estrangeiro que com os portugueses. Talvez porque em Portugal o diálogo blogger-editor ainda é demasiado íntimo, ao passo que os estrangeiros têm disponível ARCs (Advanced reader’s copy) e escusamos muitas vezes de falar com as editoras: recebemos o e-book, damos feedback e está feito! Não precisamos de pedir nada, candidatamo-nos para sermos aceites. O meu e-reader tem ecrã TFT que para quem não sabe pode ser terrível de ler ao sol, mas é a razão pela qual fico até às 4 da manhã a ler. Ainda há livros que prefiro ler em papel do que em e-book, por exemplo calhamaços de 900 páginas. Já li livros excelentes graças a preços baixíssimos ou até mesmo de borla aproveitando as promoções da Amazon ou da Harlequin! Esta editora andou a dar e-books de borla há uns dias (em inglês)… e mesmo assim as versões portuguesas são 2€!
Algo que ainda não me acostumo é: ler e-books de não-ficção. Consigo ler revistas/ contos/ romances, mas não-ficção deixa-me desesperada por querer fazer anotações e não poder. Há e-books que deixam fazer anotações… mas não é a mesma coisa abrir um livro cheio de post-its e anotações!

Experiência como autora:
Os e-books desempenham um papel extraordinário nos autores “amadores” ou mais novatos. Isto porque basta uns conhecimentos de HTML ou até experimentar um programa durante dois dias que consegue-se fazer e-books giríssimos para formato .epub/.mobi. Se forem preguiçosos existem conversores estilo Smashwords, para onde se envia o formato em .doc e eles convertem para qualquer formato. Assim posso enviar os meus escritos para leitores beta já formatados para qualquer pessoa que tenha um e-reader ou programa no computador poder ler. De igual forma, é muito mais simples enviar um ficheiro mesmo com DRM e colocar no Goodreads para obter feedback dos leitores.


O veredicto final:
Não há como parar os e-books e também o livro em papel é insubstituível. Os editores têm a função de usar os e-books com responsabilidade, os políticos têm obrigação de descer o IVA de 23% para 6% (e estou a ser generosa), os autores têm de apostar nos e-books como arma de divulgação e os bloggers não devem achar que os e-books são uma praga, mas sim uma forma mais eficiente de ler mais livros e não dar tanto prejuízo às editoras. Afinal, os e-books têm todos os ingredientes para serem os livros do presente e do futuro, se usados de forma correcta.

Ana Ferreira


Um grande obrigada, mais uma vez à Ana Ferreira! Eu pessoalmente aprendi algumas coisas sobre e-books neste artigo, espero que também tenha ajudado mais gente. 
Na quinta-feira, dia 19 de Setembro, a rubrica Será? está de volta com mais um especial, desta vez conto com um artigo da Mónica Silva do A Thousand Lives! Não percam!

Boas leituras!

1 comentário:

  1. Só comprei um e-book até hoje ("Angel Gabriel - Pacto de Sangue" de Ana C. Nunes), mas tenho lido muitos outros ao longo deste ano.

    Comecei por um tablet, que deve conter TFT, que a Ana referiu por ser terrível ao sol e, como era pesado, vendi-o e comprei um kobo.

    Estou rendida ao aparelho e aos e-books e recomendo a todas as pessoas.

    Infelizmente, o preço dos e-books em Portugal anda pela hora da morte e não compreendo como pode ter só 2-3€ de diferença do de papel.

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